Benedito Said
É comum se dizer que o bom leitor sempre é bom escritor. É uma verdade. Não se trata aqui somente de escritores voltados para a literatura, mas de pessoas que sabem e conseguem se expressar de maneira correta, tanto na oralidade, onde, às vezes, prevalece mais a Gramática Descritiva, ligada ao nosso cotidiano, como, e principalmente, na linguagem escrita, onde está a necessária aplicação da Gramática Normativa.
No entanto, não é somente para o ato de escrever que a leitura é fundamental. Hoje, mais do que antes, o domínio da leitura ultrapassa o ato mecânico de cumprir uma tarefa escolar ou uma obrigação de sala de aulo ou no trabalho. Está a leitura a ferramenta para compreensão do mundo e a habilitação necessária para a inserção social. Correm diariamente milhares de informações à nossa frente. Mas isso não é garantia de conhecimento. Todos devem receber a informação, em qualquer nível e a partir de qualquer agente, e decodificá-la, compreendê-la. Esta compreensão recebe o nome de inferência. E a pessoa que faz maior e mais profunda inferência é a pessoa leitora, tem maior bagagem de conhecimentos e, portanto, terá maior capacitação, maior habilidade e olhar mais aguçado para compreender o mundo, o seu tempo.
Mas não é só isso. Há um outro passo muito importante que é o da proficiência. Uma pessoa recolhe uma informação, faz a decodificação, compreende aquela informação, a transforma em conhecimento. É claro que essa transformação de informação em saberes vai ampliar o poder de crítica e análise da pessoa em relação ao mundo para que, então, ela se posicione e ofereça subsídios, soluções e saiba enfrentar quaisquer problemas que apareçam diante dela. Assim, essa pessoa será proficiente. Recolhe a informação, transforma a informação em conhecimento e se prepara para apresentar soluções, tudo ao mesmo tempo, o que garante a ela a inserção cultural, também socioeconômica e valorização como ser humano e profissional, já que deixa a margem e é convidada para o círculo de decisões micro ou macro.
Uma história antiga, mas de reflexão profunda, revela a solução de um problema por que passava uma indústria norte-americana. Houve uma pane no sistema hidráulico da indústria e não havia como resolver a questão. Foram chamados engenheiros da manutenção, técnicos de outros países e nada de solução. Os prejuízos se acumulavam. No desespero, alguém sugeriu chamar um velho encanador que ajudou na construção daquela grande indústria. Encontraram o velhinho e levaram-no até a indústria. Perguntaram a ele se era possível solucionar aquele impasse. Ele respondeu com um lacônico “vamos ver”. Abriu a maleta de ferro, dela retirando uma marreta de borracha. Saiu andando pela indústria. Ao ouvir um som diferente, o encanador parou e se agachou. Deu uma martelada no piso e nada. Deu uma segunda martelada, mas nada se alterou. Mudou de posição e aplicou a terceira martelada. O sistema hidráulico da indústria voltou a funcionar. Festa e mais festa, abraços, era fim dos suores e prejuízos. Depois da euforia, o diretor da indústria perguntou ao velho encanador quanto custaria o serviço. “Mil dólares, sim”. O gerente solicitou que especificasse o serviço e o encanador aposentado não se fez de rogado: “Três marteladinhas, dez dólares. Saber onde dar as marteladinhas, 990 dólares”.
A proficiência garante saber onde a martelada será dada, mantendo em funcionamento a indústria do conhecimento, da habilitação, o que favorece uma sociedade mais justa, mais harmônica e onde possa prevalecer a construção de melhor nível de vida para todos.
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